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Cenário para 2018 é positivo, mas envolto em riscos


Segundo especialistas, a previsão de crescimento do PIB é de 2,8% neste ano

Os fundamentos apontam um bom 2018 para a economia brasileira. O ritmo de crescimento deve ser mais expressivo, com inflação controlada, juros em patamares historicamente baixos, situação benigna de contas externas e contexto internacional de crescimento mais forte e disseminado e condições de liquidez ainda folgadas. O cenário seria ainda mais promissor não fossem os riscos derivados da situação fiscal e das eleições.


A economia ganhará tração neste ano. A Tendências projeta expansão de 2,8% para o PIB, após o crescimento esperado de 1,0% em 2017. As rubricas que mais contribuirão para o crescimento econômico serão consumo das famílias e investimentos, com crescimento de 3,0% e 6,2%, respectivamente.


O pano de fundo para o melhor desempenho da economia em 2017 e especialmente em 2018 é constituído pela mudança de orientação da política econômica desde meados de 2016 e pelo encaminhamento de reformas estruturais importantes, abarcando desde aspectos macroeconômicos como setoriais. O reequilíbrio da economia permite a colheita dos efeitos ao longo dos próximos trimestres.


Em 2018, o consumo das famílias desempenhará papel-chave, seguido pelos investimentos. A inflação baixa, que contribui para a sustentação do ganho de renda real, o aumento na geração de empregos e a alta do crédito são os principais fundamentos por trás da expectativa de crescimento de 3,0% do consumo das famílias no ano.


A inflação, que encerrar 2017 abaixo do piso da meta, resultado de um processo de desinflação disseminado e de surpresa positiva em alimentos, deve alcançar 4,1% em 2018. O quadro inflacionário deve ser marcado por importante desaceleração em preços administrados, como reflexo do carrego da inflação baixa do ano passado, e alta moderada nos preços livres devido à expectativa de certa recomposição dos preços de alimentos. A projeção é de que, após a deflação de 2,3% em 2017, o grupo alimentação e bebidas volte a registrar inflação de 3,8% em 2018. A ociosidade, especialmente no mercado de trabalho, sustentará um comportamento favorável dos demais preços livres, como serviços.


Do lado do mercado de trabalho, as projeções são positivas para consumo. A Tendências projeta expansão do emprego da ordem de 2,4% em 2018 (0,3% em 2017) e da renda real de 1,2%, o que aponta para uma alta da massa de renda real de 3,6% no ano (2,8% em 2017). O emprego tem surpreendido positivamente, o que contribui para a expectativa de que a economia tenha 94,3 milhões de ocupados pelos dados da Pnad Contínua ao final de 2018, ultrapassando, inclusive, o patamar de 92,9 milhões registrados no final de 2014.


Os efeitos da reforma trabalhista já devem ser sentidos neste ano, ainda que de maneira incipiente, contribuindo tanto para aumento do ritmo de geração de postos de trabalho quanto para uma maior formalização. A taxa de desemprego, por outro lado, deve cair gradualmente, dado o fenômeno de volta de pessoas ao mercado de trabalho, diante da maior probabilidade de conseguirem ocupação. A projeção da Tendências é de que a taxa de desemprego (original) ceda de 11,8% ao final de 2017 para 11,3% ao final de 2018.


Adicionalmente, o crédito às pessoas físicas, que já mostra reação clara desde o início do ano passado, deve crescer 7,0% em termos reais em 2018 (5,0% em 2017), pela métrica de concessão. A queda da taxa de juros ao tomador final e o aumento gradual de prazo, em um contexto de continuidade da queda taxa de inadimplência, deve resultar em maior propensão à oferta por parte dos bancos e demanda mais robusta pelas famílias.


O segundo driver mais importante para o crescimento serão os investimentos. A formação bruta de capital fixo deve mostrar variação de 6,2% (-2,0% em 2017), com base em expansão de 11,8% do consumo aparente de bens de capital e de 3,1% da construção civil. Os investimentos já mostram reação em 2017, com a maior absorção de máquinas e equipamentos (alta de 3,8% no ano), fruto do desempenho do setor agropecuário e da retomada de projetos paralisados, além da própria necessidade de recomposição de maquinário por causa da depreciação. A construção civil, entretanto, ainda impediu que a formação voltasse para território positivo em 2017.


Para 2018, com os efeitos da queda de juros, o consumo aparente de bens de capital deve ganhar tração e a construção civil deve sustentar o movimento incipiente de reação, evidente nos dados mais recentes, inclusive com efeitos iniciais das primeiras rodadas do programa de concessão de infraestrutura do setor público.


Os fundamentos, portanto, apontam um quadro favorável para a economia em 2018. É fato que, mesmo com a expansão de 2,8% esperada, a economia deve retornar apenas para o nível observado no início de 2015, o que evidencia o gradualismo na recuperação.


Este cenário, entretanto, não está livre de riscos. Não fossem as incertezas derivadas da situação fiscal e das eleições presidenciais, o desempenho da economia seria melhor. Apesar da aprovação da emenda do teto dos gastos, que impede um crescimento das despesas do governo federal em termos reais, a situação das contas públicas continua crítica e desafiadora. Os gastos com a Previdência, com crescimento de 5,0% em termos reais na média, inviabiliza o teto dos gastos. Nesse sentido, a reforma previdenciária é mais do que necessária, ainda que não deva ser suficiente para garantir a viabilidade do teto nos próximos anos, o que exige revisão de gastos obrigatórios. Neste sentido, a revisão da regra do salário mínimo a partir de 2019 será um ponto relevante para o controle das despesas.


A Tendências mantém a expectativa de aprovação da reforma da Previdência, ainda que na sua versão minimalista, no cenário básico no próximo ano. A reação negativa dos mercados e o risco de nova revisão no rating brasileiro pelas agências de risco são forças que contribuem para a aprovação. O argumento central é de que o governo utilizará todo o seu arsenal para o encaminhamento da medida, dado que o legado que a administração Temer tem para mostrar nas eleições de 2018 é a economia em processo de recuperação. De todo modo, o risco de não aprovação da reforma e suas consequências para preços de ativos limitam o desempenho da economia neste ano.


Soma-se a isso outro elemento fundamental: as eleições de 2018. O mercado eleitoral extremamente aberto mantém o risco de surpresas neste processo. A possibilidade de fragmentação das candidaturas de centro-direita é o que mantém a probabilidade do nosso cenário pessimista elevada (30%). Já o cenário básico considera uma candidatura única pela centro-direita – sendo Geraldo Alckmin o nome mais provável –, que poderia vencer o candidato do PT em segundo turno. De qualquer forma, o cenário não ficará claro tão cedo, e a cautela dos agentes econômicos derivada desse quadro também irá restringir a expansão econômica no ano.


Em suma, o cenário para a economia neste ano é positivo, mas os riscos não são pequenos, especialmente os ligados ao resultado eleitoral e às suas consequências para a necessidade de ajuste das contas públicas.


Fonte: Bancoob


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