Resultado é o melhor para o mês desde 2013. Dados ainda não refletem impacto de greve dos caminhoneiros

A economia brasileira cresceu pela primeira vez neste ano. A expansão foi de 0,46% em abril, nas contas do Banco Central. O índice que mede a atividade do país (IBC-BR) mostrou reação depois de três quedas seguidas. A última alta tinha sido registrada em dezembro. É o melhor resultado para o mês de abril desde 2013, mas foi menor que a esperada pelos economistas. A previsão dos analistas do mercado financeiro era de um crescimento de 0,6% no mês do ano. Além de menores que as expectativas, os dados ainda não refletem os efeitos da crise causada pela greve dos caminhoneiros que ocorreu em maio.
Com o desempenho de abril, o Brasil cresceu 1,52% nos últimos 12 meses. No mês passado, o BC havia divulgado que nos últimos 12 meses encerrados no fim de março, a expansão era de apenas 1,05%. Ou seja, o resultado de abril influenciou positivamente no desempenho acumulado.
As apostas para abril eram otimistas por causa dos dados setoriais. As vendas do comércio avançaram 1%, segundo o IBGE. Nos últimos 12 meses, o crescimento foi de 3,7%. Apenas em 2018, a alta chegou a 3,4%.
Preocupação do momento, o setor de serviços iniciou o segundo trimestre com crescimento. Foi a primeira alta do ano e acima da que era esperada. Em abril, o volume de serviços avançou 1% na comparação com março. A expectativa de analistas era 0,7%. O crescimento foi impulsionado, principalmente, pelos transportes e atividades profissionais, alento que tende a perder força devido à greve dos caminhoneiros em maio.
Também em abril, a produção industrial brasileira voltou a crescer: alta foi de 0,8% em relação a março, bem acima do 0,4% esperado pelo mercado. Foi o melhor resultado para abril na comparação com o mês anterior desde 2013.
Todos esses números ainda não refletem os impactos da crise dos caminhoneiros no mês passado. A paralisação nacional afetou praticamente todos os setores por causa da falta de abastecimento de combustível. Os analistas já preveem fortes efeitos nos próximos dados.
“Devido às interrupções logísticas e de abastecimento criadas pela greve dos caminhoneiros de 11 dias, prevemos uma contração significativa da atividade real em maio, com apenas parte da perda de atividade em maio que deve ser recuperada nos meses subsequentes”, alertou o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em comunicado enviado aos clientes.
Para ele, os dados recentes sugerem que a economia se enfraqueceu. Lembra que os indicadores qualitativos já mostram fraqueza. A confiança do consumidor e a dos empresários diminuíram, assim como os índices da indústria e serviços.
“As condições financeiras internas mais apertadas e a incerteza política antes das eleições gerais de outubro de 2018 podem ter tornado os agentes domésticos um pouco mais defensivos”, pondera.
Até a crise dos caminhoneiros, o cenário era de recuperação. Com o desempenho de abril, o Brasil cresceu 1,52% nos últimos 12 meses. No mês passado, o BC havia divulgado que nos últimos 12 meses encerrados no fim de março, a expansão era de apenas 1,05%. Ou seja, o resultado de abril influenciou positivamente no desempenho acumulado.
O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses. Tanto o IBC-Br quanto o PIB são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia.
O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).
Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.
Fonte: O Globo