É preciso que mais pessoas usufruam dos benefícios de se tornar um cooperado no País

Por HENRIQUE CASTILHANO VILARES*
Ser líder do sistema cooperativista de crédito no Brasil é um desafio diário. Não porque o assunto seja árduo ou difícil. Muito pelo contrário. O desafio se dá porque vivenciar o ambiente cooperativo diariamente me dá provas do potencial transformador que temos nas mãos e é preciso que mais pessoas usufruam dos benefícios de se tornar um cooperado.
No Brasil a primeira cooperativa de crédito foi fundada em 1902, mas, por muitos anos, fomos a opção de inclusão financeira apenas para grupos de pessoas com interesses comuns: funcionários públicos, empregados de uma mesma empresa, profissionais de uma categoria ou produtores rurais.
Por quase 30 anos, por restrições impostas pelos órgãos reguladores, só pessoas com algum vínculo em comum podiam participar de cooperativas financeiras. Somente em 2003, a resolução 3.106 voltou a permitir o funcionamento deste tipo de cooperativa, conhecidas como livre admissão, em cidades com mais de 100 mil habitantes. Ou seja, desde 1964, quando a Lei 4.595, deixou de aceitar a criação de novas cooperativas que atendessem qualquer cidadão, nossa atuação era restrita a municípios pequenos. Em 2018, completamos apenas 15 anos da autorização do Banco Central! Esta mudança amplia muito nosso campo de atuação.
Nós sabemos que ainda temos, no Brasil, um longo caminho a percorrer para fazer com que o cooperativismo financeiro se torne uma opção natural na vida das pessoas, inclusive nas grandes cidades.
Crescemos nos últimos anos, mas ainda há muito espaço para avançar. Na França, 61% dos ativos estão nas cooperativas. No Brasil, chegamos a 8%, um grande salto, considerando que tínhamos 0,3% em 1994.
Segundo dados do Banco Central, entre as pessoas jurídicas, a participação das cooperativas no Brasil passou de menos de 1% em 2005 para mais de 8% em 2017. No Sicoob, já passamos de 642 mil cooperados só no segmento PJ. No total, considerando Pessoa Física e Jurídica, já somos mais de 4 milhões de cooperados.
Enfrentamos barreiras de entendimento do modelo cooperativista por parte da sociedade. Hoje, precisamos popularizar as vantagens e aumentar nossa presença nos grandes centros urbanos brasileiros. No meio rural e nas cidades menores temos uma forte presença. Em 249 cidades do Brasil, o Sicoob a única opção financeira para a população.
Nosso portfólio de produtos, atualmente, é completo: financiamento, seguro, previdência, cartões, sistema de pagamento, empréstimos e estamos mais avançados do que muitos países da América Latina.
O desafio de crescer de forma sustentável ainda é grande, mas nossos dados, um sistema ancorado em princípios sólidos, o fato de termos um modelo financeiro que não visa o lucro reforça nossa convicção e só nos motiva a continuar acreditando que o cooperativismo é a via mais certa para criar uma sociedade mais justa.
Henrique Castilhano Vilares é presidente da Confederação Sicoob